sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O outro lado da solidariedade

Não conseguimos deixar de reflectir convosco acerca das palavras proferidas pela presidente do Banco Alimentar contra a Fome. Ao mesmo tempo que apela à partilha e à solidariedade nacional, Isabel Jonet, discorre sobre a condição social e económica da população portuguesa.

"cá em Portugal não existe miséria" e "vamos ter que empobrecer muito", são palavras que fazem já correr muita tinta, havendo mesmo uma petição online para a destituição desta senhora do cargo. 

Podemos dizer que numa altura em que a taxa de desemprego ultrapassa os 15%, que "as sopas dos pobres" têm cada vez mais gente nas suas filas, em que as escolas asseguram  a alimentação de muitas crianças, estas palavras são no mínimo insultuosas para quem necessita da ajuda e para quem contribui para "alimentar esta causa".

Não somos do tempo em que se dividiam uma sardinha e um pão para meia dúzia de filhos, ou que se vivia da caridade do merceeiro, em que o acesso à educação e a promoção da cultura eram luxos para alguns, mas sabemos bem onde Isabel Jonet quer chegar:
"Deus, Pátria e Família!" "Fátima, Fado e Futebol!" movem o povo burro, pobre e subjugado.


Por fim, partilhamos aqui, a opinião, de quem melhor do que nós coloca em palavras a sua indignação:


"a senhora e as políticas que defende geram fome, não a matam" 
Raquel Varela

"Isabel Jonet vive num pedestal de moralidade. Tem aquela atitude de pessoa católica snobe-chic. Por isso, não é de admirar que diga as imoralidades que diz. Já Lobo Antunes dizia "há ricos que têm pobrezinhos de estimação". No entanto, boicotar os donativos para o Banco Alimentar contra Fome é tão imoral como as afirmações proferidas pela dita senhora. Jonet não merece a minha estima e solidariedade, mas quem passa fome sim."
Joana Gomes


"A caridade é usada por esta gente como forma de manter o status quo e de garantir que a sociedade continua o mais inalterada possível: os ricos nas suas soirées caritatitvas e mediáticas e os pobres na fila para a sopa e dormindo na rua. Quando Isabel Jonet diz que não se pode comer bife todos os dias, não faz mais do que tratar quem vive em dificuldades como os doutores de antigamente tratavam a criadagem: alimentado-a a restos, o que a criadagem merece."
Sérgio Lavos; arrastao.org

1 comentário:

Chic Maria disse...

Acho que o último comentário que colocaste aqui está muito bom * infelizmente, triste realidade.

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